A transformação digital levou as organizações a adotarem infraestruturas cada vez mais complexas. Aplicações em nuvem, microsserviços, APIs e automações tornam o ecossistema ágil, mas também aumentam os pontos de falha. É por isso que temos hoje o Chaos Engineering, uma prática focada em testar sistemas em condições adversas controladas para antecipar falhas e fortalecer a resiliência.
Embora a técnica tenha nascido em ambientes de produção, hoje ela é aplicada também nas pipelines de plataforma. Isso significa simular cenários de falha diretamente nos fluxos de entrega e operação, garantindo que cada etapa —desde o desenvolvimento até a implantação— seja preparada para lidar com imprevistos.
Para empresas que utilizam cloud computing e arquiteturas distribuídas, essa prática é fundamental. Afinal, qualquer instabilidade em um pipeline pode comprometer a entrega de software, gerar impactos financeiros e prejudicar a experiência do usuário.
Leia este artigo até o final e conheça a importância, benefícios e exemplos de experimentos da Engenharia do Caos.
A importância de aplicar caos controlado nas pipelines
Uma pipeline de plataforma bem estruturada envolve integração contínua (CI), entrega contínua (CD), provisionamento de infraestrutura como código (IaC) e automações de monitoramento. Porém, mesmo com boas práticas de engenharia, falhas acontecem: indisponibilidade de serviços de nuvem, instabilidade em redes, erros de configuração ou atrasos em integrações externas.
Ao aplicar Chaos Engineering, é possível:
- Identificar gargalos antes de chegarem ao ambiente de produção.
- Validar se os sistemas de recuperação realmente funcionam.
- Aumentar a confiança no pipeline como um todo.
- Reduzir riscos de downtime e perdas de receita.
Em vez de esperar que uma falha ocorra em produção, a simulação controlada antecipa o problema e permite correções rápidas.
Chaos Engineering na prática: exemplos de experimentos
Para entender como essa prática se traduz em pipelines, vale citar alguns cenários:
- Falha de rede: simular instabilidade entre estágios de CI/CD para avaliar se os processos conseguem retomar automaticamente.
- Latência proposital: inserir atrasos em chamadas de APIs externas para validar se os sistemas têm tolerância à lentidão.
- Recursos indisponíveis: desligar instâncias temporárias na nuvem para verificar se o pipeline reprovisiona serviços de forma automática.
- Erros em configuração: aplicar parâmetros incorretos propositalmente em IaC para testar mecanismos de rollback.
Esses testes não têm o objetivo de causar caos aleatório, mas de construir resiliência planejada. Cada hipótese é formulada com base em possíveis falhas reais, para que se valide a robustez da plataforma.
Engenharia de plataforma como base para a Engenharia do Caos
O Chaos Engineering só faz sentido quando existe uma plataforma sólida para sustentá-lo. Não se trata apenas de rodar experimentos de falha, mas de garantir que o ecossistema —pipelines, automações, observabilidade e segurança— esteja preparado para absorver esses testes sem comprometer a operação.
É por isso que a engenharia de plataforma está na base de tudo. Ao estruturar pipelines confiáveis e automatizados, criar camadas de monitoramento contínuo e estabelecer políticas de segurança desde a concepção, abre-se espaço para que os testes de caos sejam realizados de forma controlada e com valor real para o negócio.
Em outras palavras, uma boa engenharia de plataforma é capaz de entregar:
- Automação e padronização asseguram que os testes possam ser reproduzidos em diferentes ambientes.
- Observabilidade avançada permite não apenas detectar falhas injetadas, mas compreender seus impactos em toda a jornada do pipeline.
- Arquiteturas resilientes transformam experimentos de caos em insights práticos para otimizar recuperação e disponibilidade.
- Controles de segurança integrados garantem que os experimentos não criem brechas de conformidade ou riscos adicionais.
A combinação desses ingredientes cria um terreno fértil para que o Chaos Engineering deixe de ser uma iniciativa isolada e se torne parte da cultura de confiabilidade organizacional. Empresas que investem em engenharia de plataforma robusta conseguem transformar falhas simuladas em conhecimento estratégico, antecipando riscos e acelerando a evolução de seus sistemas.
Benefícios para empresas que adotam Chaos Engineering
Empresas que já aplicam essa prática em suas pipelines relatam benefícios como:
- Maior confiança na entrega contínua: times passam a confiar mais na automação e no fluxo de deploys.
- Tempo de recuperação reduzido: incidentes são resolvidos em minutos em vez de horas.
- Cultura de melhoria contínua: desenvolvedores, operações e segurança colaboram mais para fortalecer a plataforma.
- Aumento da disponibilidade: usuários finais percebem menos falhas e interrupções nos serviços.
Tudo isso torna a infraestrutura mais confiável. Empresas que investem nesse tipo de prática evitam prejuízos e ganham vantagem competitiva ao oferecer experiências consistentes para clientes e parceiros.
A busca por soluções em Chaos Engineering
O interesse por Chaos Engineering e práticas de resiliência em pipelines vem crescendo de forma consistente nos últimos anos. De acordo com o relatório State of Chaos Engineering 2023 da Gremlin, mais de 60% das empresas entrevistadas afirmaram ter aumentado os investimentos em testes de resiliência em comparação ao ano anterior. Outro dado relevante: organizações que adotaram experimentos de caos relataram uma redução de até 41% no tempo médio de recuperação (MTTR) após incidentes críticos.
Já o relatório Accelerate State of DevOps 2022 da Google Cloud indica que times de alta performance em DevOps são aqueles que, além de priorizar automação, também investem em práticas de confiabilidade, como simulações de falha controlada. Isso demonstra que o Chaos Engineering deixou de ser apenas um recurso de nicho e está se tornando parte do ciclo de maturidade em engenharia de software.
As buscas em plataformas como Google Trends confirmam esse movimento: termos como chaos engineering, pipeline resilience e site reliability engineering (SRE) apresentam crescimento constante, principalmente em setores como finanças, e-commerce e telecomunicações, onde a indisponibilidade de sistemas pode gerar perdas significativas em minutos.
Esse aumento de interesse pode ser explicado por três fatores principais:
- Complexidade crescente das arquiteturas em nuvem: com a disseminação de microsserviços, containers e múltiplos provedores de cloud, a superfície de falha é muito maior.
- Exigência de disponibilidade quase total: em um mercado digital, o usuário final espera que os serviços estejam ativos 24/7, sem interrupções.
- Pressão regulatória e de segurança: setores regulados, como saúde e financeiro, precisam garantir continuidade de serviços mesmo diante de falhas ou ataques.
Ao incorporar experimentos de falha diretamente nas pipelines de CI/CD, as empresas conseguem identificar pontos frágeis antes que impactem usuários finais, além de construir uma cultura organizacional mais orientada à confiabilidade. A prática da Engenharia do Caos garante que cada etapa —da integração à entrega— seja preparada para falhar de forma controlada e se recuperar rapidamente.
A Nexxt Cloud, com sua expertise em engenharia de plataforma, está pronta para apoiar empresas nessa jornada. Seja para estruturar pipelines mais confiáveis, incorporar experimentos de caos ou otimizar operações em nuvem, nosso time ajuda a transformar resiliência em realidade. Fale agora com os nossos especialistas e saiba como isso acontece.